quarta-feira, 7 de outubro de 2015

A pane - O túnel - O cão (1955, 1952) 
Friedrich Dürrenmatt (1921-1990) - Suíça  
Tradução: Marcelo Rondinelli 
São Paulo: Códex, 2003, 109 páginas  


Os três contos que constituem esse livro têm em comum a discussão sobre o absurdo da condição humana - e aqui absurdo remete literalmente à grande influência em Dürrenmatt do escritor tcheco de expressão alemã Franz Kafka (1883-1924). "A pane" é extraordinário, com um pequeno senão à primeira parte, desnecessária, porque apendicial. O carro de um caixeiro-viajante sofre uma avaria e ele tem que pousar num lugarejo. Convidado a participar de um jogo em que atua como réu de um processo, acaba convencendo-se de que cometeu indiretamente um crime e aceita como condenação a pena capital. Em "O túnel" acompanhamos a angustiante e acelerada queda de um trem num abismo infinito. "O cão" é a história de um homem que prega a Verdade e mantém sempre ao seu lado um cão descomunal, "profundamente negro", olhos "de cor amarelo-enxofre" e "dentes da mesma cor" (p. 95), que um dia o dilacera e some. Algum tempo depois, ele ressurge escoltando a jovem filha de seu antigo dono. Uma metáfora do Mal (nazismo, estalinismo, fascismos de todas as espécies) que destrói o criador, mas sempre renasce fascinando as novas gerações. Dürrenmatt é do grupo dos reescritores: "O túnel" e "O cão" foram publicados em 1952: o primeiro ganhou nova versão em 1978 e o segundo, em 1975.  


Avaliação: MUITO BOM

(Outubro, 2015)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.