domingo, 17 de janeiro de 2016

O morro dos ventos uivantes (1847) 
Emily Brontë (1818-1848) - Inglaterra             
Tradução: Rachel de Queiroz           
Rio de Janeiro: Record, 2004, 397 páginas 





Essa tragédia shakespeariana é um dos maiores monumentos da literatura ocidental. Tecnicamente genial, apresenta o retrato do mais execrável personagem jamais surgido, Heathcliff, sempre de maneira indireta o leitor o conhece apenas pelo olhar da narradora, a governanta Ellen (Nelly) Dean –, enquanto a verdadeira protagonista, Catherine, morre quando o livro vai apenas pela metade... O romance conta a história de Heathcliff, um menino recolhido nas ruas de Liverpool e levado para a propriedade da família Earnshaw, no extremo norte da Inglaterra. Lá, ele convive com os irmãos Hindley, que se torna seu inimigo, e Catherine, por quem doentiamente se apaixona, e os vizinhos Edgar e Isabella Linton. Quando Catherine se casa com Edgar, a loucura de Heathcliff se aprofunda, e ele some. Ao voltar, três anos depois, cego de ressentimento, executa um terrível plano para se vingar de cada um daqueles que acredita contribuiu para a sua infelicidade - Hindley, Edgar, Isabella... Ousada, a Autora arma uma história declaradamente anti-romântica (V. p. 357) e amoral, já que o personagem principal - egoísta, ladrão, perverso, mau - não recebe qualquer punição pelos seus atos e acaba se deixando morrer de inanição*.    

* É de três anos antes outra maravilhosa história movida pela vingança, "O Conde de Monte Cristo", do francês Alexandre Dumas (1802-1870), com uma diferença fundamental: Edmond Dantès é um homem bom que se deixa corromper pelo ódio, enquanto Heathcliff é um ser apenas amargura e ressentimento.   
   
Avaliação: OBRA-PRIMA 

(Janeiro de 2016)

Entre aspas

“Gente orgulhosa forja tristeza com as próprias mãos” (p. 72)

“O tirano tortura os escravos, mas os escravos nunca se voltam contra ele; vão esmagar aqueles que lhe ficam por baixo” (p. 138)

“(...) às vezes, temos dó de criaturas que não sabem ter dó nem de si nem dos outros” (p. 200)



Nova edição: 
Há uma edição excelente, comentada, com tradução de Adriana Lisboa, apresentação de Rodrigo Lacerda, nota biográfica de Ellis e Acton Bell ( Emily e Anne Brontë) e cronologia sobre a vida e a obra da autora. 
Rio de Janeiro: Zahar, 2016, 375 páginas



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