quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

O coração das trevas (1899) 
Joseph Conrad (1857-1924) - Polônia
Tradução: Celso M. Paciornik        
São Paulo: Abril, 2010, 148 páginas 


É noite. Os marinheiros do iate de cruzeiro Nellie estão ancorados no rio Tâmisa, na Inglaterra, aguardando a virada da maré para seguir viagem. No meio da escuridão, um dos camaradas, Marlow, começa a contar uma história, a "história irreal" de como enfronhou-se para dentro da floresta equatorial do Congo com o objetivo de resgatar um homem chamado Kurtz, tornado lenda pela sua capacidade de abastecer de marfim os postos de recepção localizados no litoral. À medida em que sobe o rio pilotando um precário vapor, Marlow vai tomando consciência da crueldade irracional da colonização, organizada em nome do "processo civilizacional" dos "selvagens". Quando finalmente se depara com Kurtz encontra um ser egocêntrico e megalomaníaco enlouquecido pelos seus próprios métodos bárbaros de exercício do poder. As palavras finais do explorador, "O horror! O horror!", que Marlow omite da noiva ao encontrá-la para entregar um maço de cartas deixado por Kurtz, sintetiza o romance e sintetiza a brutalidade com que os europeus retalharam a África para apossar-se de suas riquezas. Embora polonês, Conrad escreveu toda a sua obra em inglês.

     


Avaliação: OBRA-PRIMA

(Fevereiro, 2016)


Entre aspas

"(...) é impossível transmitir a sensação viva de qualquer época determinada de nossa existência - aquela que constitui a sua verdade, o seu significado, a sua essência sutil e contundente. É impossível. Vivemos como sonhamos - sozinhos..." (p. 49)

"Não gosto de trabalho - ninguém gosta -, mas gosto do que existe no trabalho - a chance de a pessoa se encontrar. Sua própria realidade - para si mesma, não para os outros -, aquilo que nenhum outro homem jamais poderá saber." (p. 51)

"Coisa engraçada é a vida - este misterioso arranjo de lógica implacável para um objetivo fútil. O máximo que se pode esperar dela é algum conhecimento de si próprio - que chega tarde demais -, uma colheita interminável de arrependimentos". (p. 122)

"(...) talvez toda a sabedoria, e toda a verdade, e toda a sinceridade estejam comprimidas naquele imperceptível intervalo de tempo em que cruzamos o limiar do invisível". (p. 123)

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