segunda-feira, 11 de abril de 2016


Viagem à lua (1657) 
Cyrano de Bergerac (1619-1655) - França     
Tradução: Fulvia M. L. Moreto      
São Paulo: Globo, 2007, 226 páginas





Não tomemos ao pé da letra o título do livro imaginando tratar-se de uma história de ficção científica. A viagem que o protagonista faz à lua é apenas um artifício brilhante para a consecução deste romance filosófico. O autor cria um astuto narrador que aparentemente defende pontos de vista científicos, morais e religiosos de acordo com a ortodoxia de sua época contra o pensamento revolucionário e herético dos selenitas (habitantes da lua). Mas ao expor, nos diálogos, essas concepções contrárias à Igreja, tanto no plano teológico quanto científico, ele na verdade está satirizando o reacionarismo das instituições com uma piscadela de olhos para o leitor inteligente. É impressionante a quantidade de questões levantadas, abrangendo os mais diversos campos do conhecimento, e mais ainda a ousadia da perspectiva assumida pelo autor. Surpreende-nos que em meados do século XVI ele defenda a ideias como a de que tudo o que existe pode ser reduzido à matéria (átomo) que se reconfigura como composição físico-química ou a de que a Terra gira em torno do Sol (assuntos ainda tabus naquele momento). Mas também são abordados , entre outros, temas como a existência de Deus, a infinitude do universo, a obediência que os filhos devem aos pais, a cremação e até mesmo o veganismo. Além disso, antecipa o áudio-livro!!! (v p. 107-108)

       



Avaliação: MUITO BOM

(Abril, 2016)


Entre aspas


"(...) assim como Deus pôde fazer a alma imortal, pôde fazer o mundo infinito, se é  verdade que a eternidade não é outra coisa senão uma duração sem limites e o infinito, uma extensão sem limites. E, além disso, Deus seria ele mesmo finito, se supomos que o mundo não seja infinito, visto que não ele poderia aumentar o tamanho do mundo sem acrescentar alguma coisa à própria extensão, começando a existir onde não existia antes". (p. 25-26)

"(...) se vosso pai não vos ordena nada que contrarie as aspirações do Altíssimo, eu vos aprovo; de outro modo, caminhai sobre o ventre que vos engendrou, tripudiai sobre o seio da mãe que vos concebeu, pois imaginar que esse covarde respeito que os pais depravados tenham arrancado de vossa fraqueza seja tão agradável ao céu ao ponto de por isso alongar minha vida, nada vejo nisso de razoável". (p. 83)

















Avaliação: BOM

(Outubro, 2015)




Entre aspas

"Falamos da polític

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