segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

O Cardeal Napellus (1916)
Gustav Meyrink (1868-1932) - ÁUSTRIA 
Tradução: Maria Jorge Vilar de Figueiredo
Lisboa: Presença, 2007, 75 páginas 


O volume encerra três contos - “O Cardeal Napellus”, “J.H. visita a região dos Suga-Tempo” e “Os quatro irmãos da Lua – Um documento” – cujo tema comum é a busca pela imortalidade. A narrativa que dá título ao livro trata da estranha seita dos Frades Azuis, uma confraria que busca a permanência da alma por meio da transfiguração em uma árvore venenosa (o napelo azul) regada com o sangue que escorre das chagas abertas pela automutilação pelo cilício. A segunda narrativa dá vazão ao dístico: “O homem só pode escapar à morte se renunciar à espera e à esperança” (p. 34). Alcançar a imortalidade é perceber a diferença sutil entre “eu vivo e eu existo” (p. 39), é renunciar ao desejo, por saber que a vida “(...) é apenas a sala de espera da morte” (p. 45). Finalmente, o melhor conto do livro, “Os quatro irmãos da Lua – Um documento”, ao mesmo tempo um libelo contra a guerra (a I Guerra Mundial, também chamada Grande Guerra) e uma discussão sobre identidade. Segundo o narrador, um enjeitado adotado em um convento que passou a usar o nome Gustav Meyrink, o homem evoluiu, atingindo o cúmulo da perfeição ao considerar “(...) real e autêntico apenas aquilo que podem... vender” (p. 55). O narrador antecipa o nazismo, descrevendo, em linguagem apocalíptica, homens transformados em máquinas de matar. 



(Janeiro, 2017)


Avaliação: BOM 




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