sexta-feira, 7 de julho de 2017

O chapéu de três bicos (1874)
Pedro Antonio de Alarcón (1833-1891) - ESPANHA
Lisboa: Assírio & Alvim, 2006, 149 páginas
Tradução:  Aníbal Fernandes   



Narrativa que resgata a tradição da "comédia de erros", trata-se de uma farsa passada em um lugarejo da Andaluzia em 1805. Em um moinho de farinha, "situado a qualquer coisa como a um quarto de légua da povoação" (p. 35), vivia o feliz casal Frasquita e tio Lucas, que "adoravam-se loucamente" (p. 45). Ela, que "andaria a rondar os trinta" anos (p. 39), era uma mulher "cheia de graça e formosura, e sempre radiante de saúde e alegria" (p. 39). Já o Tio Lucas "estava quase nos quarenta anos", e, simpático e agradável, "era feio como o Diabo" (p. 41). O casal recebia os maiorais da terra - o virtuosíssimo bispo, o corregedor, o erudito advogado, entre outros fidalgos e eclesiásticos - em uma "tertúlia vespertina" (p. 35), quando se fartavam com as frutas e legumes de época, todos atraídos na verdade pela beleza e sensualidade de Frasquita. Tio Lucas sabia disso e usava os dotes da mulher para obter vantagens. Um dia, Frasquita, incentivada pelo marido, resolve fingir aceitar as investidas do corcunda corregedor. Só que a brincadeira acaba dando errado e, por uma série de peripécias, tio Lucas passa a acreditar, equivocadamente, que Frasquita realmente cedeu aos amores e resolve se vingar. Roubando a roupa que encontra jogada na sala, dirige-se à casa do corregedor e tenta enganar sua mulher passando-se por ele. Após uma enorme confusão - com direito à clássica cena em que todos se estapeiam confundidos no meio da escuridão -, a cena final reorganiza o mundo que conheceu um momento de desequilíbrio. Frasquita perdoa tio Lucas e a mulher do corregedor lhe impõe uma sanção, que, depois de cumprida, devolve a paz ao lar. Um romance que, lido, a gente logo esquece - ou, talvez, se lembre de uma ou outra passagem, com um esgar no canto da boca...

   
(Julho, 2017)



Avaliação: BOM



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