domingo, 9 de julho de 2017

O rio e a guerra (1926)
Mikhail Cholokov (1905-1984) - RÚSSIA 
Porto: Campo das Letras, 2005, 103 páginas
Tradução:  Alexandre Bazine    




São cinco contos passados durante a Guerra Civil russa (1918-1921), tendo como cenário o curso inferior do rio Don. O Autor discute os impasses dos primeiros momentos da Revolução Soviética, a dificuldade de os camponeses compreenderem as mudanças que chegavam e os horrores do conflito entre comunistas e anticomunistas. "O poldro" narra o episódio de um soldado que tem que executar o filhote de uma égua nascido no meio de uma campanha militar e que, por tentar protegê-lo, acaba perdendo a própria vida numa escaramuça. "Sangue alheio" é a pungente a história de um casal de velhos que, tendo perdido o filho, um contra-revolucionário, acaba, ironicamente, adotando um soldado revolucionário ferido. Pouco a pouco, eles convergem todo o afeto ao filho morto para o rapaz. Este, que não tinha família,  permanece uns tempos na aldeia, até o dia em que os deixa para continuar a luta, em uma região distante. "A semente de Chibalak" expõe a terrível sina do soldado que dá título ao conto que um dia descobre uma grávida semimorta no campo de batalha e, apesar dos protestos dos companheiros, incorpora-a, junto com o bebê que nasce em seguida, ao grupo revolucionário. Até que descobrem que a mulher passava informações aos inimigos e exigem que Chibalak mate a mulher e a criança. Ele executa a ordem, mas poupa o bebê, deixando-o aos cuidados de uma família na retaguarda. Anna, a "Mulher de dois maridos", é casada com o contra-revolucionário Aliksandre, dado como morto por equívoco. Ela então se junta ao presidente da cooperativa local, Arséni, apaixonado por ela. Aliksandre ressurge na aldeia e Anna vai morar com ele novamente. Só que, bêbado e extremamente violento, trata-a com desprezo e arrogância. Anna decide fugir de casa, com o bebê recém-nascido, e é recolhido por Arséni. "Sobre Kaltchak, urtigas e outras coisas" é a tragicômica petição de um cidadão, Fidot, à assembleia comunal da aldeia, indignado pelo fato de sua mulher estar se alfabetizando e abismado com o fato de não ter mais direito de espancá-la. Neste livro, o Autor consegue não ceder aos princípios do chamado "realismo socialista", que pouco a pouco destruiria a literatura russa.


(Julho, 2017)



Avaliação: BOM



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