domingo, 25 de março de 2018

Uma jornada (1937)
Luigi Pirandello (1867-1936) - ITÁLIA       
Tradução: Maurício Santana Dias      
 São Paulo: Nova Alexandria, 2006, 119 páginas







Esta coletânea, póstuma, reúne quinze contos, e é o último volume da série intitulada Novelas para um ano, com as quais o Autor pretendia oferecer ao leitor um total de 365 contos, ou seja, um para cada dia do ano - tarefa que, infelizmente, não chegou a concluir. Este livro é bastante desigual, talvez até mesmo por não ter sido organizado pelo Autor, e sim pelo editor. No entanto, aqui encontramos dois ou três textos bastante representativos do humorismo desencantado do Autor, como o excelente "A senhora Frola e o senhor Ponzo, seu genro", ou o terrível "Uma jornada" - o primeiro discutindo a questão dos limites do chamado comportamento mentalmente são, o segundo expondo a passagem de toda uma vida como um sonho que ocorre em alguns minutos. O fascinante nas narrativas do Autor é a  atmosfera de absurdo que se instala no cotidiano, não de um absurdo conseguido graças a algum elemento extraordinário, mas justamente o contrário, o absurdo das pequenas coisas comuns, como em  "A vitórias das formigas", "O bom coração" e "A tartaruga". Aliás, quando o Autor se deixa levar pelo maneirismo fácil, como em "Efeitos de um sonho interrompido" ou "A visita" - ambos tratam do mesmo tema, o encontro com pessoas mortas -, já não consegue o mesmo efeito. Destaco ainda "Alguém está rindo", um conto muito atual, que discute a intolerância do autoritarismo, que não permite, de forma alguma, a dissidência - no caso, o pai e um casal de filhos começam a rir durante uma cerimônia e são escorraçados da cidade por sua "ousadia".



(Março, 2018)


Avaliação: BOM  



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